Na busca de dar visibilidade à luta das mulheres negras contra o racismo e a opressão de gênero, foi criado o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana.
A reunião teve como foco denunciar a opressão e debater soluções na luta contra o racismo e o sexismo vividos no dia a dia da população feminina.
No Brasil, a data, além dessa representatividade, homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela e foi instituída pelo governo Dilma, em 2014.
Para o diretor e coordenador do Departamento de Igualdade Racial do Sindicato, Pedro Paulo, é uma oportunidade para chamar atenção para o combate aos preconceitos e desigualdades. “Uma das primeiras ações na busca no combate ao racismo, é a conscientização de que o racismo existe. Por isso o nosso Sindicato procura contribuir na divulgação do tema.”
LUGAR DE FALA! TRABALHADORAS COMENTAM SOBRE A FORÇA DA MULHER PRETA
‘O Metalúrgico’ esteve nas fábricas da BSB Rolamentos e da Marelli, além da própria entidade sindical, para conversar com algumas trabalhadoras sobre o Dia da Mulher Negra. Os depoimentos e relatos são os mais diversos e todos mostram como a força da negritude encara o racismo e a discriminação.
Sandra Aparecida – metalúrgica na BSB Rolamentos
“Hoje eu não aceito mais discriminação, me sinto mais fortalecida. Se acontecer algum ataque preconceituoso e racista eu vou pra cima, não abaixo mais a cabeça, pelo contrário, reivindico o meu direito. Minha fala de mulher negra é forte e determina tudo o que eu sinto e o que eu vivo, com ela me posiciono em todas as ações da minha vida.”
Priscila Santana – metalúrgica na BSB Rolamentos
“Como mulher negra, eu me sinto privilegiada, tenho orgulho da minha pele, quando eu vou na praia, não tenho nenhum problema com o sol (risos). Agora, eu confesso que não sabia que tinha esse dia para dar maior visibilidade às mulheres negras, mas parabenizo a importância em combater o racismo que ainda é grande no nosso país. Meu irmãos já sofreram muito com isso.”
Viviane Santana – metalúrgica na Marelli
“Essa data reforça a resistência da mulher negra que até hoje não é reconhecida e nem valorizada, sofrendo com o racismo a vida inteira. Na escola, sempre chega uma criança e fala, lá vem a neguinha do cabelo duro. Numa entrevista de emprego, a primeira coisa que olham é o cabelo, se está escovado, se está liso. No lazer, você entra para comprar algo, chega um cliente e pergunta quanto custa isso aqui? Aí você fala que não trabalha no local, a pessoa olha desconfiada e vai embora.”
Viviane Camargo – funcionária do Sindicato
“Já entrei em loja e o segurança ficou seguindo, desconfiado, medindo dos pés à cabeça por causa da cor da minha pele. Isso é revoltante e doloroso. Diante de todo o racismo e o preconceito que imperam no Brasil, penso que essa data é muito importante para reforçar a luta da mulher negra no dia a dia, no trabalho e em toda sociedade. Também tem a questão salarial de receber menos que uma pessoa branca, apesar de termos avançado no último ano com a lei de igualdade salarial.”