MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO COMPLETA 45 ANOS DE LUTA CONTRA O RACISMO

Notícias Sindicais

FONTE: AGÊNCIA BRASIL / Por Ludmilla Souza / Foto: Fernando Frazão

O Movimento Negro Unificado (MNU) completou na semana passada 45 anos de história de lutas em defesa do povo negro em todos os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. O próprio lançamento público foi histórico: o ato de fundação do MNU, em 7 de julho de 1978, reuniu mais de duas mil pessoas em frente às escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, em plena Ditadura Civil-Militar (1964-1985), cena que entrou para a história do país.

As atividades do movimento dialogam com o conceito Sankofa, originado de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental, que diz: se wo were fi na wosan kofa a yenki, que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”, e representa o olhar para o passado para a construção de um futuro.

Ao longo da história, o MNU tem avançado com a pauta antirracista, a começar com a definição do que é ser negro, explica a integrante da coordenação nacional do movimento, Simone Nascimento.

 “O MNU contribuiu na compreensão de várias questões, inclusive com o IBGE, com o próprio reconhecimento de negro na sociedade, tirando aquelas variações de tom de peles que existiam e que faziam parte do mito da democracia racial. Nos levou à compreensão de que a população negra é a maioria no Brasil e, portanto, precisa de reparação histórica, políticas públicas pensadas na superação do racismo”.

O feminismo negro é outra frente, completa Simone. “O movimento contribuiu com a compreensão da tripla exploração contra a mulher negra e portanto, contra todas as mulheres, com proteção da exploração sexual, o machismo e a desigualdade salarial. Então, o MNU pauta essa questão do feminismo, o movimento de mulheres negras brasileira é reconhecido internacionalmente”. 

Mais uma contribuição é na área da educação, por meio da Lei nº 11.645/2008, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” nas escolas de ensino fundamental e médio. 

“O MNU debateu em muitos fóruns de educação o que significava o direito à memória, então a própria lei, de ensino de história africana e indígena, que ainda não foi implementada plenamente, é uma vitória construída a partir desses debates”, destaca Simone. 

Outra frente, defendida desde a fundação, é o combate à prisão de negros a partir do racismo. “A questão de que toda prisão é uma prisão política, no sentido da necessidade do desencarceramento da população negra no Brasil e do combate à genocidade negral que o MNU combateu desde o início, quando denunciou o racismo vivido por jovens do Clube Regatas Tietê e também pelo Robson Silveira da Luz, um trabalhador que cuja morte, por policiais racistas, originou o nascimento do MNU”.

Um dos fundadores do movimento, José Adão Oliveira, elenca as bandeiras que o MNU defende. “O MNU contribuiu expondo suas faixas e lutando em todos os espaços pela democracia e igualdade racial, pela diversidade sexual, contra a violência policial e discriminação racial, pelo item cor no censo do IBGE em 1980, pelo Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, pela história e cultura negra na educação e pelo Parque Histórico Cultural-Quilombo dos Palmares/Serra da Barriga”. 

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