SANTO ANDRÉ, 471 ANOS: VEJA ALGUMAS LUTAS HISTÓRICAS DO SINDICATO NA CIDADE AO LADO DOS TRABALHADORES

Notícias Metalúrgicos Santo André

“As ruas de Santo André, por onde passavam as nossas mobilizações, ficavam totalmente ocupadas, cheias de trabalhadores e trabalhadoras da categoria, que chegavam tomados de disposição para participarem das lutas do Sindicato ”, lembra com afeto o vice-presidente do Sindicato, Cícero Martinha, ao falar sobre as ações da entidade no município que completa 471 anos, neste 08 de abril.

De Santo André, o Sindicato dos Metalúrgicos, desde a sua fundação em 1933, atuou nos mais importantes movimentos reivindicatórios dos trabalhadores no Brasil, fundamentais na sociedade, a exemplo da conquista do 13º salário e da redução da jornada de trabalho, sem reduzir o salário, mudança que foi incorporada na Constituição de 1988.

Para marcar o aniversário da cidade, “O Metalúrgico” recorda algumas lutas significativas da nossa entidade sindical por melhorias no chão de fábrica.

LUTA REDUZ JORNADA E MANTÉM SALÁRIO

O nosso Sindicato jogou por terra a lei que determinava 48 horas de trabalho semanais ao assinar acordo com a Black & Decker. Prevendo 45 horas sem redução dos salários, foi um divisor de águas no movimento sindical brasileiro.

Os metalúrgicos da Black & Decker, de fato, saíram na frente de todos os demais trabalhadores que participaram da Campanha Salarial de 1985, pois, mesmo antes da decretação da greve geral, cerca de dois mil funcionários da empresa realizaram uma passeata no pátio da indústria, na semana anterior. Os patrões sentiram a capacidade de mobilização dos trabalhadores e procuraram o Sindicato para negociar. Era assim quebrado o tabu das 48 horas semanais.

CÃO MORDE O BOLSO DO TRABALHADOR

O Plano Collor, em março de 1990, foi usado como pretexto para atrasos de pagamento e redução dos salários. Após assembleia, no dia 06 de abril, os metalúrgicos promoveram manifestação nas ruas de Santo André em defesa do salário.

O grupo Eluma, hoje Paranapanema, e a Cofap desrespeitaram os trabalhadores aplicando redução salarial. Para mobilizar à sociedade, o Sindicato colocou cartazes na portaria da Cofap: “Não fique no mato sem cachorro. Exija seu salário”, com a ilustração de um cachorro basset mordendo o bolso do trabalhador, numa referência à propaganda da empresa na qual o cão simbolizava a segurança dos amortecedores. A empresa recuou e pôs fim à redução dos salários, decisão tomada também pela Eluma e outras indústrias.

MULA SEM CABEÇA ASSOMBRA PATRÕES

A paralisação que entrou para a história como “mula sem cabeça”, usando capuzes para preservar a identidade dos trabalhadores e evitar eventuais retaliações, envolveu cerca de 35 mil trabalhadores da base, o que representava 70% da categoria, em 1989.

A greve começou na Cofap, na noite no dia 18 de abril, às 22h, na entrada do terceiro turno. Em poucas horas a mula sem cabeça atingiu inúmeras fábricas como a Otis, KS Pistões, TRW, Philips, Black & Decker, Pirelli, Krause, Irmãos Vassoler, entre outras. A mobilização encerrou no dia 02 de maio. Em acordo firmado com o Sindicato, os patrões concederam aumento e não puniram os grevistas.

POR DIREITOS: PASSEATA PRESSIONA CONSTITUINTES

Em agosto de 1988, trabalhadores saíram em passeata, organizada pelo Sindicato, como forma de pressionar os parlamentares constituintes a garantir os direitos trabalhistas na Constituição.

O presidente do Sindicato, na época, João Avamileno, esteve em Brasília para acompanhar a votação em segundo turno da Carta. O movimento de certa forma foi importante para a aprovação de algumas leis que favorecem os trabalhadores em geral, como o turno de seis horas, direito de greve, jornada de trabalho de 44 horas, licença-maternidade de 120 dias. Dois meses depois dessa mobilização, a Constituição seria publicada em 05 de outubro de 1988


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