A conversa foi longa e poderia ter preenchido as quatro páginas do jornal. Os diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Osmar Fernandes, Manoel do Cavaco, Rafael Loyola e Lulinha ficaram agradecidos com a visita de Sonia Maria, do coletivo Mulheres Negras Sim, que aceitou o convite em falar sobre os desafios em ser negro no Brasil e a luta contra o racismo. O bate papo da diretoria com a ativista resultou na entrevista que você lê a seguir:
Manoel do Cavaco – Podemos começar pela história da entrevistada?
Sônia Maria – Eu nasci numa favela da Vila Prudente. Já na minha ancestralidade, nasci na Angola. Quando olho minha vida, vejo que superei muitos desafios.
Loyola – Como vê a atuação do Sindicato no diálogo com o movimento negro?
S. M. – Eu vejo com muito respeito e esperança. Quando uma entidade como essa me chama para conversar, eu, uma mulher negra e da periferia, fico feliz. E que bom que o sindicato segue construindo uma linda história, sendo forte na luta por salários e empregos de qualidade e também dialogando com a sociedade.
Osmar – Quais são os maiores desafios no enfrentamento ao racismo?
S. M – Precisamos de mais ações e políticas públicas voltadas para a população negra e para o combate ao racismo estrutural no país. Eu acredito que a valorização da população vai nos levar a uma sociedade melhor. Haja vista a introdução das cotas raciais que representam um avanço nesse cenário na equidade de acesso ao ensino superior.
Manoel do Cavaco – E as nossas leis sobre a questão do negro, como avalia?
S. M. – Se você levantar as leis que hoje existem para dar equidade à população negra até que são muitas, mas não são bem implementadas. Precisamos avançar nisso.
Loyola – O que essa data da Consciência Negra significa?
S. M. – Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Além da Consciência Negra, uma consciência cidadã. Nós não queremos pegar o lugar de ninguém, queremos o nosso lugar.
Lulinha: Qual é a sua mensagem para as mulheres negras?
S. M. – Nós mulheres negras precisamos nos apossar do que tem aí, precisamos saber os nossos direitos. A partir do momento que eu iniciei no coletivo Mulheres Negras Sim, comecei a entender qual era o meu papel na sociedade. Quando você chega em algum lugar e sabe qual é o seu direito, as pessoas vão se educando e respeitando.